segunda-feira, 14 de outubro de 2013


TESTEMUNHO - EDIFÍCIO JOELMA/SP - IR. "LEONARDO"


Quando eu era criança vivi o dia em que o edifício Joelma pegou fogo, porque acompanhei as imagens em uma TV preto e branco de um vizinho e acompanhei as reportagens posteriores. Foi o meu trauma de infância. Lembro-me das cenas, labaredas de fogo saindo pelas janelas, as pessoas correndo para um lado e para outro lá em cima, chamas de muitos metros de altura, os helicópteros sobrevoando o prédio e jogando saquinhos de leite para desintoxicar mas não podiam pousar sobre o prédio pois não havia lugar para pouso, não havia escada de emergencia, o elevador travou durante o incêndio pela pane elétrica e os que estavam dentro foram carbonizados. O exercito mobilizado nas ruas, bombeiros tentavam entrar no prédio e muitos bombeiros morriam intoxicados ou queimados, e a realidade era esse: a partir do andar onde começou o incêndio não havia como descer, o Maximo que se podia fazer era subir cada vez mais para os andares superiores buscando a cobertura do prédio, mas quando se encontrava as chamas já nas escadas e corredores o jeito era tentar se trancar numa sala, o fogo queimava as portas e vinha entrando nas salas e as pessoas sentavam ou se penduravam nas janelas e as labaredas vinham vindo atrás e, apesar dos apelos em megafones e dos apelos que pintavam com pinceis em letras gigantescas no asfalto da rua dizendo "POR FAVOR, NÃO PULE!", muitos pulavam e vinham perdendo membros quando batiam em parapeitos, alguns pulavam abraçados, o centro de São Paulo parou pelo horror daquele dia que, infelizmente, não chovia mas ventava muito, e o vento alimentava a chama e intensificava o horror que começo logo de manhã e se estendeu por muitas horas do dia. Bem, esse é o prólogo do que tenho para dizer, agora vou contar o que foi um dos cultos mais belos que marcaram a minha vida:
Era uma semana de Assembléia e estava hospedados na casa da irmã Isaltina
diversos irmãos da Europa (irmãos Portugueses que residiam na frança) e naquela noite nós e todos aqueles irmãos fomos congregar no jardim Alvorada em Jandira e na hora da testemunhança levantou um irmão para testemunhar em cima do púlpito, era o irmão Jairo, cooperador daquela região (Barueri, ou Jandira, se não me engano) é um irmão Fransino, bem magrinho e escurinho, já um senhor, e ele nos contou isso: disse que quando era moço trabalhava no edifício Joelma em São Paulo e um dia pouco depois de começar o expediente ouve um curto-circuito nos primeiros andares do prédio e iniciou-se um incêndio, alguns aglomeraram-se no elevador e conseguiram descer mas na terceira leva o elevador travou e os que estavam dentro morreram queimados então eles começaram a correr escadas acima e o fogo vinha subindo muito
rápido. Quando ficou encurralado pelo fogo o nosso irmão se trancou em uma sala junto com outras pessoas, e todos gritavam, chamavam os seus santos e seus deuses, e segundo irmão Jairo, naquela hora todos era iguais, não havia preto, nem branco, nem pobre, nem rico, a visão ardia porque a fumaça entrava por debaixo da porta e pelas janelas, os que estavam perto das janelas pulavam e gritavam e ele saiu de perto porque percebeu que pulavam um atrás do outro. Então o irmão foi para uma janela e não dava para ver o horizonte por causa da fumaça preta que saia do prédio e o irmão lembrou-se que daquele lado ficava a igreja do Braz e naquele tempo as reuniões da mocidade eram no Braz e eram apenas uma vez por ano.
Então o irmão conversou com Deus e falou: "Ah, senhor, quantas vezes ali no Braz Tu me visitastes, eu tenho a recordação de tantas reuniões da mocidade que Tu mudastes o meu cativeiro. Que saudade! E agora eu sei que eu vou morrer e que eu nunca mais vou participar de uma reunião! Mas eu te peço uma coisa, se Tu queres, manda um vento limpar essa fumaça e permita que eu veja a tua casa mesmo que seja pela última vez! E na mesma hora o vento mudou de lado e apareceu a igreja do Brás dentro do campo de visão do irmão. E logo o vento mudou novamente e não se via mais a igreja e então o irmão olhou para traz e viu que a porta da sala onde ele estava começou a ser tomada por labaredas e o fogo que estava lá fora começou a entrar na sala. Nessa hora o irmão saiu de perto da janela para não ser impulsionado a pular e muitos estavam pulando, então o irmão sentou-se no chão encostado na parede olhando para a porta e haviam mais algumas pessoas sentadas do lado dele. E as pessoas começavam a tossir, tossir e de repente caiam para o lado mortas, intoxicadas. Ele olhava para um lado cai um, olhava para o outro caia outro. E ele também, tossindo muito, já sem conseguir
respirar, foi caindo lentamente e olhou para a porta (aonde não havia mais porta, mas apenas uma labareda de fogo) e viu um bombeiro passar no meio das chamas e entrar na sala.
O bombeiro trazia toda a farda: macacão, cinturão, capacete, mascara contra gás, e o bombeiro parou a alguns metros do irmão e fez um sinal com a mão chamando ele. E foi saindo da Sala. O irmão Jairo, sem conseguir falar por causa da fumaça e falta de ar desesperou e esticou a mão para ser puxado pelo bombeiro, mas o bombeiro que ia saindo apenas parou (no meio das chamas) olhou para traz e fez sinal novamente para
ele segui-lo, então o irmão Jairo não conseguia falar e nem andar, foi engatinhando e tentando dizer "me espere, me ajuda!", mas o bombeiro continuou andando, o irmão Jairo passou engatinhando no meio das chamas e o bombeiro foi descendo pelas escadas no meio de labaredas e de vez em quando parava entre labaredas e apenas fazia o mesmo sinal com a mão "venha" e o irmão Jairo foi descendo engatinhando nas escadas em chama e apenas no pensamento dizia "Pelo amor de Deus! Espera-me! Ajuda-me!" De repente, engatinhando, o irmão Jairo alcançou o corredor térreo e viu a rua e alguém gritou "Olha! tem alguém que ta conseguindo sair! Aí correram e agarraram ele para levar para a ambulância e ele, sendo carregado, ia tossindo e dizendo Cadê o bombeiro que me tirou Cadê o bombeiro que me tirou, Mas que bombeiro? O bombeiro que desceu comigo e saiu na minha frente. Aí disseram: nós estávamos olhando para
a porta antes de você sair e não saiu bombeiro nenhum só saiu você! Bom, irmãos, pra quem é crente não precisa explicar o que ou quem era aquele bombeiro, mas o irmão Jairo disse que depois de muitos meses ainda havia cheiro de fumaça na roupa dele. Com esse irmão testemunhando nós choramos tanto que eu acho que se não desse para encher um tanque de batismo com as lágrimas daria pelo menos para lavar o piso da igreja...
E depois que o irmão Jairo foi sentar levantou, chorando, um irmão português que reside na França (foi dado a liberdade para ele testemunhar em cima do púltpito) e testificou: Irmãos, lá França eu faço parte do grupo de segurança e brigada de incêndio do edifício onde trabalho. E no nosso treinamento foi mostrado um vídeo do incêndio do edifício Joelma, e quando eu vi o vídeo daquele incêndio, eu chorei e falei: Senhor, eu me recuso a acreditar que aí dentro deste prédio não havia pelo menos um crente que tu salvastes! E aí, irmão, como mais ou menos 80 por cento do nosso organismo é constituído de água, ainda conseguimos encontrar lugar para muitas lágrimas!

Glória a Deus! Deus vos abençõe!

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